A rede é o que fazemos dela
Como diz o Pierre Lévy: A rede é o que fazemos dela.
Segundo um jornalista do The Intercept, que esteve na UERJ no ano passado, estamos todos sendo monitorados o tempo todo. Ele sugeriu o uso de programas de criptografia. A esquerda no Brasil confia muito no fictício Estado Democrático de Direito e por isso não se instrui os ativistas sindicais a usarem proteção na rede. Ele conta que qualquer coisa pode ser usada como evidência para criminalização no EDD. Isso é uma conclusão que parte de alguém nascido no maior EDD do mundo e lá os perseguidos nem são de esquerda, são muitas vezes liberais como Snowden.
Assim como Chomsky, Snowden é uma voz a ser respeitada. Não esquecer que Chomsky é anarquista. Difícil ser crítico no Brasil, imagine nos EUA. E como se sabe ele sempre se colocou contra as guerras norte-americanas. A ‘esquerda’ brasileira, ao contrário, apoia até ocupação do Haiti e greves policiais.
O ressurgimento neoestalinismo
Quando observamos as críticas despolitizadas feitas por neoestalinistas que parecem parecem precisar de um líder infalível, é fácil ver como as ideias regressivas se disseminam após a falta de decisão e atuação do trotskismo (ou dos que se reinvidicam como tais) no momento-chave do despertar político das massas. Naquele momento decisivo no qual todos os partidos foram colocados à prova. Desfazer os equívocos é difícil.
Como não se pode dispensar uma marca que já foi mais famosa que a Coca-Cola, há quem reivindique a marca do comunismo. Mas só o rótulo. A maioria dos que se dizem de esquerda hoje se esqueceu para que serve esse ‘produto’. É para comer? Beber? Ou o quê?
Depois que Dwight Eisenhower deu ao líder comunista uma lata de Coca-Cola, Zhukov encontrou-se obcecado com a bebida americana.
Ainda que é seja de se temer o sucesso dos neoestalinistas no uso da marca, ninguém explica o porquê de os trotskistas (ou que se dizem ser) no momento em que têm oportunidade para romper com o isolamento se apegam ao centrismo conservador mais absurdo. Aí temos que explicar: ‘Ah mas não são trotskistas de fato’. Talvez não, mas algum deles vai encontrar um parágrafo que diz que eles estiveram certos o tempo todo. Isso claro, partindo de um pressuposto nada óbvio que Marx, Engels Lenin, Trotsky, Rosa, Gramsci, estiveram sempre certos, quando na verdade sempre divergiram entre si. Há lacunas grandes no pensamento revolucionário. Só o retorno fundamentalista aos livros e experiências passadas não vai resolver isso. Nunca se pensa nos erros. E essa mania de sempre culpar alguém por impedir o desenvolvimento das ideias iluministas também não resolve. Nem muito menos o fracasso da experiência alemã, quando se oculta os responsáveis. Quem leu de fato o “Esquerdismo”? E quem leu está livre da doença senil do oportunismo?
Don Corleone diria o mesmo
A questão da aliança de classes no Brasil está pouco compreendida, não se explica o que acontece no Brasil e por que a política da esquerda é capituladora.Nesse aspecto deve-se pensar a questão sindical também e o atrelamento e divisão dos trabalhadores.
O governo finge falência e os sindicatos fingem que mobilizam. Enquanto o governo força uma rebaixa geral nos vencimentos dos servidores públicos, as empresas se deleitam por poderem pagar salários menores com o aumento do desemprego. A aliança social-democrata PT-PMDB e PTSDB ganha aliados contentes por terem candidaturas e partidos autorizados, PSOL e REDE, que fazem o velho show petista sem base operária. E quando todo mundo pensa que está fazendo um protesto antigovernamental, um mágico tira da manga uma carta do “Dilma fica”. Don Corleone diria o mesmo.
A aliança de classes social-democrata exige a eliminação de numerosas camadas sociais e pode por conta de sua atitude pró-capitalista isso pode levar a que os trabalhadores identifiquem o caráter de classe da coalizão governamental. Isso sim pode gerar importantes mobilizações de massa diante das contradições sociais específicas. Só esperamos que toda essa atividade no fim não vire um ‘não vai ter golpe’.
Quem gostava de mostrar o livrinho verdeamarelista era o Lula, o qual ele assinou, contra inclusive uma grande parcela do seu próprio partido. Na época quem era contra foi ameaçado de exclusão, como Genuíno. Agora se passam de vítimas do Estado burguês que ajudaram a defender. Ao contrário da defesa que fez do EDD, própria divisão do Estado burguês em três poderes, num processo revolucionário deve ser desfeito. Essa divisão é um modo de acobertar o conteúdo de classe do Estado. Se fossem fazer a devassa – que está sendo feita no Petrolão – no próprio judiciário, iriam descobrir muito mais que tríplex em Guarujá.
E desde quando o judiciário é neutro? Um tipo de corporação legislando em causa própria. Isso pudemos ver no Estado do Rio. Parece que descobriram que um batalhão tinha conspirado para matar a juíza, então resolveram se vingar em um caso que atingiu a PM e as UPP, o caso Amarildo. Mas e na maioria dos outros homicídios perpetrados pela polícia? Nessa Guerra civil, faltou dizer quem mais mata. Ou seja a PM, um verdadeiro Exército de invasão. Não se trata de modo algum de uma questão tática entre outras. Na verdade é o ponto crucial, foi desde a questão da repressão aos atos contra o aumento das passagens que as mobilizações aumentaram significativamente em 2013.
Agora parece que as Corporações estão em conflito, mas na verdade fazem frente unida na maior parte do tempo. O juiz resolveu cobrar o pagamento em dia para os servidores do judiciário. Mas e para os outros servidores do estado? Enquanto isso continua a farra do governador do Rio conforme mencionado no despacho do juiz. E faltou listar na decisão os 39 bilhões para as olimpíadas. Melhor mandar um camburão do que o carro forte que o governador do Rio pediu ao judiciário.
Agora temos a aliança de classes agindo com toda a brutalidade para excluir camadas sociais inteiras. E isso se faz com repressão. Arrocho é para isso: aumentar o aparato bélico.
É nisso que se assenta o problema dos terceirizados, da falta de mobilidade urbana e no toque de recolher nas favelas. É preciso um plano de mobilidade urbana feito pelos usuários.
O tal pacto federativo
E toda essa roubalheira organizada que envolvem municípios, estados e União. A coisa chega mesmo no desvio de verbas de merenda escola. Isso se chama pacto federativo.
E as eleições municipais estão aí. Matemáticos em geral não acertam na loteria. Ou pelo menos não acertam sempre, não será o César Maia que acertará seus palpites. Há incógnitas ainda, o ano será muito dinâmico. Só lembrar que César é filho do Brizola e Paes filho do César. Até tu Brutus! Vamos ver se no segundo turno caso ele vá, o PesSOaL não arruma uma desculpa se o oponente for da IURD. Vamos ver como se saem dessa os que colocam tudo na questão de conquistar o apoio do feminismo cool. Como se sabe a esquerda tem sido capturada pelo discurso sócio-liberal para ceder em questões até militares. E também dos liberais religiosos que se esquecem como esses partidos se formam sob o manto bíblico. O mais sério é que essas empresas-partidos têm isenção fiscal. Isso nunca foi questionado. Quem acha que religião e política não se misturam deve estar vivendo em outro mundo. Umas são mais invasivas que outras, mas acobertam muito bem o seu papel. Inegável que a TL teve um papel positivo numa época, mas o Papa JPII logo deu fim para poder exercitar seu anticomunismo. Mas os que obedecem os partidos religiosos para furar-greves, merecem críticas. O Brasil é um país sentimental. Sempre mamãe, nunca aborto (mesmo fetos com microcefalia) e desprezo aos mendigos e favelados. Uma questão difícil para muitos e urgente para outras.
Que tipo de imperialismo é esse?
A questão do subimperialismo (que é um termo criado por Ruy Mauro Marini da POLOP/POC e que foi dirigente do MIR chileno na época da Unidade Popular, um conceito que na época baseava-se não na exportação de capitais e sim na importação, hoje isso mudou completamente) é uma questão mal estudada pela esquerda em geral. Quase todos repetem o esquema de país atrasado semi-colonial, o que dá margem para muitas desculpas e ilusões. O Brasil possui multinacionais e opera um grande esquema de exportação de capitais. No mínimo o Brasil é uma potência regional. O fato de vencer o Macri na Argentina apontando para uma abertura ao Mercosul reforçou o governo brasileiro. Ninguém na esquerda consegue responder isso. Unicamente por que não entendem o imperialismo regional (esse parece ser um termo mais apropriado).
Parece que o Macri resolveu seguir mesmo o Brasil.
Perto dos 2,5 milhões de desempregados só no segundo mandato da Dilma, ainda falta muito para a Argentina alcançar o Brasil. Parece um líder, mas não tem o movimento sindical nem a maioria dos partidos no bolso como no Brasil. Aqui mesmo com todo o arrocho (que leva o nome técnico de ajuste) as mobilizações não são diárias como lá. Além de tudo a subida de Macri reforçou o governo Dilma já que declarou abrir o comércio com o Mercosul (quer dizer imperialismo regional do Brasil).
Portugal talvez não seja um país, mas um modo de sentir.
As lutas por independência repercutiram por lá até violentamente, fidalgos que já não tinham em nada se achando donos de alguma coisa. E o estranho episódio das forças armadas no poder. Agora quando tudo anunciava uma inclinação esquerdista retornam ao velho neoliberalismo.
Ou quase tão ruim quanto o atual governo brasileiro, com a diferença que na Argentina o atual governo não tem nenhum controle sobre o movimento sindical e nem sobre a maioria dos partidos como existe no Brasil. #LiberenaMilagro foi solta e presa novamente sob nova acusação. Sala é ultrakirshnerista. Essa organização presta serviços assistenciais importantes ao povo principalmente (mas não somente) de origem indígena. A defesa dela é importante (ainda que muitas denúncias devam ser apuradas antes de uma prisão), mas os adjetivos aplicados ao neoliberal Macro deveriam ser mais democraticamente distribuídos.
Juros altos deve atrair importação de capital para os bancos. Que tipo de imperialismo é esse que capitaliza bancos e não investe em capacidade produtiva. Capital busca mão-de-obra barata sem regulamentação, que tal um passeio na Africa. Já que a classe trabalhadora brasileira exige que tal aumentar o desemprego e a inflação. E desse modo o trabalhador fica disciplina e com o apoio de ‘sua’ sindical agradece. Com o apoio de ‘seu’ partido morre de medo.
E fingem que organizam…
Não basta a vontade para organizar um movimento. É preciso clareza da situação e que haja informação e debate acumulado entre a vanguarda para que se possa depurar as lideranças na categoria dos discursos e projetos pró-governo. Na verdade o que faz a categoria ficar recuada e desconfiada não é só devido às últimas derrotas, mas principalmente por temer uma pauta oculta que pode sair da cartola de certos diretores.
Pessoal da educação unidos no ato, sob as bandeiras do SEPE e outras entidades da educação. Assim saberemos quem está nessa de verdade.
Tempo igual de palavra para cada entidade.
Ato com menos de mil pessoas (na maioria professores e estudantes da UERJ) não vai fazer avançar. Um ato de todo o funcionalismo deve começar com no mínimo mil. Caso não se chegue a isso é sinal que as forças facebookistas se esgotaram.
Chamar o ‘selvagem’ de civilizado
e o ‘civilizado’ de selvagem
Envenenamento da água em Flint. Mais danos ambientais em Mariana. E o peixe desaparece no Pacífico. A natureza não acompanha a voracidade do mercado. Pior que a mão invisível é a boca invisível que deixa milhões passando fome, enquanto outros destroem os recursos que nunca deveriam ter sido propriedade privada. Do jeito que a coisa vai vamos ter que chamar o ‘selvagem’ de civilizado e o ‘civilizado’ de selvagem.