A Religião do Capital
Quanto mais novas evidências da evolução das espécies são encontradas, mais aumenta a ira dos criacionistas contra a educação pública. Agora também atacam a saúde pública. Querem substituí-las pela educação confessional (um lucrativo ramo de negócios) e os cultos de cura (uma das principais fontes de arrecadação das igrejas em todos os tempos). As igrejas em geral chegaram a ser contra o uso de anestésicos nos partos,devido ao dito ” darás a luz em dores ”. Nunca é demais lembrar o papel do evangelismo em controlar os escravos e ex-escravos na história norte-americana. Uma tática que exportaram para o mundo no seu propósito neocolonial. Tanto na Africa como no Brasil. A salada místico-eclética só é possível de ser aceita em ambientes onde a educação não seja nem universal e nem laica. Onde haja situações de desesperança com a má qualidade dos serviços de saúde. O imperialismo habilmente usou o fundamentalismo Islâmico também para conter regimes nacionalistas, como se vê entre os países da conflituosa região do Médio Oriente e Norte da Africa. Assim podemos perceber que a aliança do imperialismo, a direita e extrema-direita, bem como o fundamentalismo, pouco se importam com as pessoas. Querem apenas imobilizar os trabalhadores e a plebe, sem educação, saúde e em guerras permanentes. Acreditam que quando as pessoas se sentem desprotegidas é quando elas acorrem desesperadas para as igrejas. Por isso são sustentáculos das políticas neocoloniais. Isso é o que chamam de Avivamento, que significa: Contanto que algumas megaigrejas estejam lotadas, para causar efeito de saturação política na TV aberta, o resto que se dane.
O capitalismo como religião execra Marx como se fosse o Satã. O privilégio cria sua própria ideologia. O capital é a dinâmica da luta de classes.
O Estado é o comitê gestor dos interesses da classe dominante.
Guerra é a reorganização da violência política.
O extremo da inadequação das instituições do Estado que pretendem manter um domínio e a dinâmica da luta de classes que estabelece nova correlação de forças entre as classes em luta é a guerra.
O Estado é o resultado do monopolio da violência política que resultou da guerra, modo exttemo. A violência política só não assume a feição da guerra quando um dos contendores se abstem da luta.
O discurso da violência cai no vazio e a classe derrotada conta as perdas.
É muita ingenuidade. Milhares de quilômetros nos separam. Milhares de anos também. O que temos é um país espelho. Nossa Síria foi o inferno que criamos no Paraguay. Nunca tivemos guerra justa. Todas foram massacres. Canudos e Contestado. Nossos heróis tiveram as cabeças cortadas. Tiradentes e Lampião. Um por ser bom demais e o outro mau demais. Tropicalismo dos excessos. Nossos santos são tratados como Demônios. E os impostores como anjos. Um país de calamidades. Cujo alicerce foi o sangue nativo. A argamassa o sangue escravo. Por isso enxergamos as hecatombes com escárnio. Daqui partidos de esquerda apoiaram ditaduras assassinas quando essas se voltaram para o delírio bélico. Lançaram soldados sem casacos nas neves italianas para lutar contra a máquina de matar nazista, apenas para continuar aqui o delírio anticomunista, que é uma doutrina nazista. E ainda vão descobrir que qualquer ideal no Brasil custa dinheiro. E vão descobrir que não é coincidência as ideias serem tão parecidas. Os acordos são bem pagos e os demais publicitários gratuitos. Não esqueça do verdadeiro herói: Chico Mendes. A percepção é sempre muito subjetiva. Mas é inegável que morreu como um. Ele foi assassinado numa emboscada na varanda da própria casa. Não foi em propriedade de ninguém. Aliás mesmo se fosse. Como vimos até em um país mais capitalista que o nosso, a Austrália, o atleta medalhista e herói no esporte não foi poupado quando alegou confusão por invasão de residência. O que aconteceu com Mendes foi crime mesmo e seus assassinos escaparam astutamente da pena. Depois de fugirem o pai Darli se escondeu num acampamento do Incra e, pediu com nome falso, financiamento como se fosse sem-terra, pelo que pagou oito meses por falsidade ideológica. Ao final ambos, pai e filho, cumpriram seis anos em regime fechado, totalizando apenas 10 anos de pena do total de 19 anos da sentença. Chico Mendes está no Panteão da Pátria e da liberdade em Brasília. É testemunha profética da igreja anglicana seu dia é 22 de dezembro. A UDR do senador Caiado que o mandou matar nunca foi julgada. E o heroísmo? Apenas causado pela extrema vilania dos assassinos?
A tecnologia substitui a classe operária?
A revolução tecnológica é um modo de obter a mais valia relativa. Hoje o que caracteriza o sistema capitalista em crise não é mais a obtenção desse tipo de mais valia e sim a revolução tecnológica servindo para arrancar a mais valia absoluta. Não se trabalha menos em função da tecnologia, mas a tendência é aumento da exploração dos operadores da tecnologia (a relação capital-trabalho não desaparece com o desenvolvimento tecnológico, ao contrário, e o desemprego a torna ainda mais explícita). Como se vê não bastam aforismos do senso comum para eliminar um debate, pois tal método de discussão não elimina o problema. O mesmo foi tentado pelos elitistas Nietzscheanos, sem resultado algum.
E como acontece a superexploração? Marx explicou bem isso. O aumento do desemprego força a queda da massa salarial. As leis trabalhistas que resultaram da luta de classes pretérita, são banidas ou empioradas para se adaptar ao momento de ofensiva contra os trabalhadores. O que garante essa manobra são os bancos que remuneram o capital mesmo sem produção e queda de consumo. Resultado? Crise. A inflação controlada, fetiche político, esconde o alto desemprego. A burguesia brasileira nasceu escravocrata e sonha com o retorno da escravidão. Como disse Domenico di Masi…dane-se o que disse Domenico di Masi.
Pesadelos de ficção científica estão se tornando realidade. Numa sociedade desigual o domínio da máquina significa desemprego. Somente numa sociedade igualitária, o desenvolvimento da máquina pode significar libertação do trabalho.
Quando um presidente afirma que conseguirá um modo de fazer a economia crescer deve-se ler: têm planos para aumentar a superexploração dos trabalhadores rapidamente. Nada melhor que indicar um superministro que foi responsável pelo ciclo dos altos juros. E a FIESP que derrubou o governo anterior acusando-o de desindustrialização, agora apoia um governo que simplesmente pretende fazer ”a indústria brasileira deixar de existir”, como disse o presidente da M. Benz.
Demissões aumentando. O movimento operário parece ter sido derrotado já antes no governo Dilma. E isso aconteceu silenciosamente, pois tanto a CUT como o CSP-CONLUTAS se calaram diante de demissões, como as que aconteceram em São José dos Campos. Aqui no Rio esses mesmos divisionistas estão chamando a participar de atos liderados por policiais (extrema-direita) e chamam isso de frente única, é muito abuso. Nem sempre a unidade é possível, mas é danosa a ideia oposta que diz que os revolucionários devem dividir o movimento. Isso foi dito com todas as letras por um representante de um partido que usa essa tática: dividir para capitular (com aqueles lamentos de que infelizmente ainda não são a direção da classe). E assim deixam a pelegada livre para traírem como quiserem, chegando a dividir sindicatos. Se esse tipo de tática fosse sempre correto, nunca seria levantada a bandeira de todo poder ao sovietes que era uma frente única (frente unida melhor dizendo). Unidade não pode ser idealizada. A frente única historicamente foi uma estratégia aplicada em determinadas circunstâncias, por breves períodos, sem se submeter politicamente. Mantendo a independência e, bem entendido, com setores da classe operária. Outros aspecto é que são em geral setores de classe (burocracia, partidos traidores etc) que são inimigos da classe. Por isso é uma tática que exige muita maturidade da direção. Não vimos isso na frente sem medo, que reuniu setores centristas que simplesmente capitularam ao PT e CUT. E isso depois do presidente da CUT ter dito há alguns meses que se caso a presidenta Dilma fosse derrubada que reagiriam de armas na mão. Pelo visto a única arma que a CUT tem na mão é o carimbo. Mas daí dizer a priori que não se fará nenhum tipo de unidade é exagero. E pode ser um tipo de capitulação em certos momentos. Houve acordos nos quais se negociou quase tudo em prejuízo dos trabalhadores. É verdade, e até muitos de nós acreditamos que dividindo íamos somar. Agora vemos as burocracias nem ao menos sendo questionadas. Seis centrais? Ou mais? Quando Lula disse que haveria um novo milagre dava para perceber. Então agora temos essa grande ausência na resistência ao golpe. Por conta dele o governo faz um ataque simultâneo em todo o país contra os setores organizados da educação, ponta de lança da resistência, e que o governo anterior tentou tanto engabelar. Felizmente ainda resiste nesse momento dos maiores ataques à educação pública desde a lei da ditadura 5692/71. Porém, sindicatos estão sendo despejados de suas sedes, como o SINTUSP e o SINTUFF. O sindicalismo brasileiro está tomando um aspecto muito sindjustiça. Esse foi o rastro deixado por anos de direção sindical burocratizada pelas centrais. Não havendo um exemplo da eficácia da democracia sindical fica fácil tomar decisões autoritárias em todos os sindicatos. Onde houve democracia, a direção manipulou tanto que acabou desmoralizando a categoria e produzindo derrotas. Agora já se baseando na falta de um exemplo da eficácia da democracia nos demais sindicatos, a pelegada já se sente dona do sindicato.
Na França as centrais sindicais fizeram um acordo sobre a aposentadoria com governo em 2013, foi lesivo aos trabalhadores e aumentou o desemprego, Em 1977, o maior partido comunista da Europa ocidental, o PCI, capitulou e se uniu à direita pelas mãos do chamado Compromisso Histórico. Agora que o Japão resolveu ter uma estratégia militar, que tal derrubar o governo da Coréia do Sul para dissipar as desconfianças históricas? Os planos norte-americanos para derrubar Pyongyang.
Esquerda volver!
Os Neoliberalistas estão satisfeitos com Temer. Acrescente-se que o atual super ”primeiro-ministro” era o chefe do BC no governo Lula e aceito pelo FMI na transição do governo do PSDB para o do PT. Não podia ser diferente agora. Se já tivéssemos conselhos populares teríamos um duplo poder, como não é o caso é preciso algum modo de colocar em ação quem é contra o golpe. Mas muitos nem veem o golpe em ação. Estão tão fixados no que poderia ter sido caso o PT fosse revolucionário que não percebem as descontinuidades. É fácil gritar fora Dilma quando a mídia já está histérica nessa linha. Fora Temer quando até a TV já denuncia-o. Mas é difícil perceber o momento em que as coisas mudam. Como se sabe o Neoliberalismo sofreu uma derrota e isso é uma lição para àqueles que pensam ser esse a única política econômica do capitalismo monopolista de estado. Quais serão os desdobramentos da derrota de Clinton? Especialmente nos países do golpe globalista, Brasil, Ucrânia etc? Política baseada em indignação moral é facilmente cooptada pela direita. A revolução do facebook na Líbia e na Ucrânia desembocou em golpes direitistas manejados por Washington. Os discursos por mais libertários que pareçam muitas vezes não passam de franquia da OTPOR.
Uma vez que o governo fantoche de Temer exige a anulação da delação premiada na qual consta seu nome e dos seus ascéclas, o que deslegitimou a operação lava-jato já muito questionada pelas suas arbitrariedades e parcialidade, por quê não exigirmos também os #conselhospopulares? Algo muito mais lógico que exigir eleições diretas numa conjuntura golpista na qual até as manifestações contra os bandidos protegidos por tropas estaduais e federais são reprimidas e na prática proibidas (governos que lançam bombas contra manifestantes e atiram para cegar fotógrafos-jornalistas, nunca poderiam ser chamados de democráticos). Melhor propor logo os conselhos populares. Não vale se desgastar para ainda dar gás para esses pilantras. Ainda mais por um milagre. Pelos #conselhospopulares
É muito grave a roleta judicial. Impressionante como diante de cada denúncia envolvendo os golpistas o cerco se fecha apenas diante de Lula. Todos os que foram presos e foram participantes diretos no impeachment, o foram apenas como fonte de informação contra Lula. Quando denunciaram outras pessoas ligadas também à Temer seus depoimentos foram desconsiderados pelo juiz. É impressionante também que o juiz responda imprensa alemã que a foto rindo com Aécio foi infeliz e que não tinha nada de mais já que ele não é investigado na Lava-jato. Só faltou dizer: Mesmo tendo sido denunciado.
Moro se sente ofendido com críticas.
Renan se sente ofendido com críticas.
E por enquanto ainda temos Facebook. Só que o motivo não é o respeito à democracia. Estamos repetindo as mesmas notícias entre as mesmas pessoas. É a censura da redundância algorítmica. No mais eles estão usando nossas próprias postagens para nos monitorar.
Em poucos meses uma gestão desastrosa pode destruir o que foi construído em décadas. A destruição do patrimônio material e imaterial do povo por um governo é a pior forma de corrupção.
Nesses momentos em que a burguesia se vê em apuros e que tudo concorre para o pânico geral, são justamente os momentos que o auxílio prestado pelos partidos, organizações e sindicatos colaboracionistas mais procuraram mostrar sua lealdade. Governo = ditadura. Então é preciso cuidado quando se emprega a palavra ditadura, pois sendo uma palavra carregada de investimento afetivo traz dentro dela intenções subjetivas muitas vezes disfarçada. Até o governo de Salvador Allende, de esquerda moderada, foi chamado de ditadura. Isso quando os setores mais autoritários da burguesia chilena o queriam derrubar. E o fizeram para instalar um dos regimes mais cruéis da história. Portanto, não basta dizer ditadura, equivalente de qualquer governo, cuja característica é ser discricionário, mas de-quem-para-quem.
Fica um pouco difícil debater com tanta resistência ideológica e se mantendo fora dos termos do debate. Expressões do tipo ”Acorda!” são típicas de pessoas pouco habituadas aos conceitos. E exatamente essa característica autoritária é o que mais descreve os que são adeptos daquela doutrina que tentam imputar a todos que ousam contestar sua inconsistência teórica. Admita-se que a palavra ditadura cause tanta resistência, mas é preciso contextualizar o motivo de Marx tê-la usado: a ideia de que o Estado é um instrumento de dominação de classe e que ainda que disfarçado pela ”democracia” vivemos numa ditadura da burguesia. Desde então foi feito esse correlato. Sobre se a tecnologia acabaria com a classe operária esse é um debate, se isso descarta a teoria é outro ponto. Sobre a relação entre o pensamento de Marx e o autoritarismo prussiano outro ponto que deve ser discutido, mas parece um ponto de vista essencialista.
”As fracções burguesas coligadas, todavia, estão já condenadas ao abandonarem a única forma possível do seu poder unificado, a forma mais violenta e completa da sua dominação de classe, a república constitucional, para voltarem a refugiar-se na forma subalterna, incompleta e mais fraca, a monarquia. Assemelhavam- se a um ancião que, para voltar a ter a força da sua juventude, vá buscar a roupa de criança e procure à força enfiar nela os seus murchos membros. A sua república teve apenas um mérito: o ser a estufa da revolução. O 10 de Março de 1850 exibe a seguinte inscrição: Après moi le déluge, depois de mim o dilúvio!”
K.M., Die Klassenkampe in Frankreich
Basta uma gota de veneno numa saborosa comida para que os efeitos sejam nefastos.
A proposta que os partidos conseguem balbuciar para dar continuidade à fracassada frente-populista é a eterna diretas já! Como se com isso pudesse ser escondida a falta de disposição para organizar a tão prometida greve geral. Pensam talvez que se tiverem autorização da burguesia seria mais fácil organizar qualquer movimento.
” Viva a Constituição! ” foi a palavra de ordem divulgada por ela [A Montanha], a palavra de ordem que não significava outra coisa que ” Abaixo a revolução! ”.
K.M. Die Klassenkampe in Frankreich, p.110.
” Antes de restaurar o rei, era preciso restaurar o poder que santifica os reis. ”
K.M. Die Klassenkampe in Frankreich. p. 95.
Aleppo
A primavera árabe começou com um suicídio na Tunísia. Quando todos percebem que estão no limite a revolta individual se torna coletiva. O mais impiedoso é culpar as vítimas pelos crimes contra eles próprios. Talvez fosse melhor investigar mais. Assad não é um santo, mas os jihadistas também não. A maior parte da imprensa está usando a expressão ”segundo relatos” e a palavra jihadistas simplesmente desapareceu e só se usa rebeldes. Informações pelo Wikileaks que na verdade são as milícias que estão atacando a população, principalmente os que estão achando que vão ser libertados. Confere?
Por essa Obama não esperava…mas também não esperava perder para o fanfarrão. Neoliberalismo globalista (imperialista) revela sua face.
Nunca ficou tão clara a função subimperialista da Rússia de cooperação antagônica com o imperialismo global. A burguesia mundial com seus atritos de interesses, locais, regionais e internacionais não deixa de ser uma única classe com várias frações. Noticiários pró-imperialistas encobrem que as milícias jihadistas e do ESL fazem a carnificina.
Opinião sem conhecimento é cega. Os militantes que repetem as posições superficiais de seus grupos, que para ganhar algum respaldo usam das violações presumidas dos direitos humanos de mulheres e crianças, e as quais nem procuraram se informar sobre veracidade das notícias e muito menos compreender os dilemas de uma guerra que já repercute por mais de quatro anos, não passam de cegos guiados por outros cegos. O MRT dono de uma prestigiosa página na web, o esquerda diário, limita-se a repetir informações dadas pela ONU, a qual é informada pelo HRW. Nem ao menos utilizam o limitado recurso de comparar diversas fontes e investigar a acuidade. E isso num sítio web que manteve alguns aspectos positivos dentre as publicações de esquerda, como a recusa do apoio às greves policiais. Porém, o que é ainda prova dos ziguezagues permanentes dessa corrente é justamente que não aplicaram o mesmo raciocínio que foi tão custoso de adotarem na ocasião do impeachment. Naquele momento divergiram do pensamento dos ex-parceiros morenistas. Estes insistiam em gritar fora Dilma, mesmo no momento em que as ruas já eram tomadas pelas manifestações convocadas pela Globo.
Ora, há uma mudança na conjuntura mundial. Principalmente refletida de modo distorcido na vitória de Trump, e isso pode ser percebido no Brasil bem como na Síria. Isso também deveria ser percebido pelas correntes que reivindicam o internacionalismo proletário. Contrastante, tanto os que querem vender o avanço das tropas sírias como um simulacro Stalinista, como os que querem usar a situação dos Refugiados e Sitiados de Aleppo como um paralelo das políticas de gênero e das comunidades em situação violenta, erram pela simplificação e pelo fanatismo da ótica eleitoralista. Parecem mais interessados em fazer uso dessas posições para fins de rivalidades locais e no fim mesquinhas disputas de possíveis espaços eleitorais. Entretanto, a questão é muito mais complexa.
É preciso uma rede melhor informada, com correspondentes locais independentes das agências, organizações não-governamentais, partidos e governos, direcionados por interesses econômicos e geopolíticos no conflito. Esse cuidado básico não tem sido tomado pelos ativistas. Ficou fácil manipular pessoas de alinhamentos automáticos, bastando para promover o discurso de ódio algo que mobilize suas estruturas psicológicas. Exemplo, o estupro no discurso da nova esquerda e o aborto na direita. Análise de classes no conflito passa longe. E isso permite estranhas alianças.
Será que se a revolução francesa fosse hoje o movimento feminista lutaria para que a rainha Marie Antoniette não fosse guilhotinada? O movimento feminista teve grandes nomes, tais como Pauline León e Claire Lacombe, fundadoras da Sociedade Revolucionária Republicana, sua ala popular. Olympe de Gouge por sua obra Declaração dos direitos da mulher e da cidadã, introduziu uma noção tão avançada para época que mostra todo o vigor da participação das mulheres na Revolução francesa. Ainda que essa discussão tenha permanecido esquecida por duzentos anos, merece ser recapitulada. Ela confirma o papel revolucionário das mulheres, que não é algo novo e nem policlassista, como a propaganda – que pretende cooptar o movimento feminista atual – insiste.É um nó que a esquerda precisa desatar também, as interpretações restauracionistas da monarquia sobre o chamado terror revolucionário jacobino.
A ofensiva síria nem bem tomou Aleppo e Kerry já anuncia que a guerra vai continuar.
Há informes que o ESL (FSA) está trocando de lado e aniquilando testemunhas.
Sobre o informe de que Assas estaria disposto a dividir o país, a pergunta que fica é: Por qual motivo se está na ofensiva?
Sobre a informação de que a Síria e a Rússia são agentes do imperialismo contra a revolução síria, pergunta-se: por quê Israel bombardearia um agente do imperialismo?
Sobre os comitês de coordenação dos bairros: qual seu grau de envolvimento com o FSA e os jihadistas? Se é que há?
Sobre a informação de que os pais de meninas pediram autorização dos clerigos para mata-las sob a suspeita de poderiam ser estupradas por soldados sírios: não seriam jihadistas sacrificando as filhas?
De modo algum a Open society iria financiar uma rede que não fosse Neoliberal. Então para decepção geral informo que toda a página do Syrian untold é patrocinada por George Soros. Lá estão quase todos os grupos autoproclamados revolucionários, ativistas etc. Muito sinalizador de algo bastante errado é a Anistia internacional adotar o mesmo discurso da OS. Todo esse pacifismo parece ter um objetivo bastante claro. Estamos diante de algo muito semelhante ao que aconteceu na Líbia. Um cerco. Nessa hora alguém precisa ser amigo da Síria. E não é o que se vê.
Por quê a extrema-direita não só não faz críticas como faz uso dos argumentos dos organismos de direitos humanos em relação à Síria? Por quê a TV Globo divulga todos os boletins da HRW, em relação às acusações de violações do governo sírio, e não divulga as violações de direitos feitas pelas polícias do Rio?
Mas uma eleição dentro do golpe não seria também constrangida? E a questão da anulação do impeachment já que não houve prova? Imagine-se se Dilma no poder tomasse uma medida contra a divulgação do áudio com Lula, o que diriam? Ditadura, bla-bla-bla.
Para os governantes a indignação popular é incompreensível e injustificada. Afinal deveriam aceitar naturalmente que os que sempre dominaram continuassem a fazê-lo tranquilamente. Por esse motivo prender e bater publicamente naqueles que querem abrir os olhos do povo, é uma forma de colocar as pretensões populares no seu devido lugar: numa urna. Onde podem manipular livremente.
Já está dando para perceber o motivo de Trump ter dito que Putin é um aliado. Toda a polêmica da transição, o governo dos multimilionários, a intensa campanha da mídia corporativa sobre o hackeamento, nos faz concluir que de fato o estabilishment norte-americano comandado pelos neocons, planejando já o controle mundial num estilo Reagan, isto é, reeditando a segunda guerra-fria, explica as duas estratégias. Uma que tem em Assad o repressor local da revolução árabe. A outra, a balcanização. Ambas implicam o maior controle nacional da população, mas há um enfoque diferente na relação com as minoria e o operariado, repressão e cooptação em graus diferentes. No Brasil já se fez notar a transição: a polêmica sobre a extensão das denúncias da Odebrecht e a crise de Temer.
Esses são os ”rebeldes” moderados, conforme a mídia corporativa.
Não é que a situação seja confusa, a propaganda é que faz com que seja incompreensível. Assim ninguém se posiciona.
Segurança, instinto de autopreservação do Estado burguês
Não é que vai só dividir, com isso eles vão estar mais fortes do outro lado para enfrentar os trabalhadores. O governo federal já tinha sinalizado isso quando tirou os militares (e incluiu nisso PM e bombeiros estaduais que não tem nada a ver) da reforma previdenciária. A repressão é o último degrau do governo ilegítimo. Uma pena que haja ainda quem acredite na política de segurança do estado e que esse discurso guerreiro ainda não tenha mudado. Chegou-se a afirmar numa época que era uma política de pacificação. Hoje o véu caiu e retorna-se a mesma retórica. Assim como acontece quando os usuais espancadores de grevistas estão em apuros sem receber vencimentos, aparecem correntes e partidos que já há tempos tinham sumido. E antes forçavam apresentar suas bandeiras partidárias na frente de manifestações sindicais, agora estão tão dóceis junto aos militares estaduais. Apenas com bandeiras sindicais. Isso é também um tipo de colaboração de classes. E assim como a Frente-popular corre para prestar apoio ”suprapartidário” ao governo golpista, os divisionistas sindicais correm para prestar apoio aos policiais de um modo como não se vê em outras greves. Preservam a crença de que serão poupados caso a situação se radicalize para a direita. Será que é por isso que já apontam com o dedo àqueles que julgam ser esquerdistas? Será que já estão prestando um serviço que creem os salvará de possível carnificina? Mais uma intervenção militar que honra a pátria. Hum hum ordem e progresso…Esquerda volver! O ex-secretário de segurança no final estava também incentivando esse discurso antes de virar as costas e sair deixando a situação quase igual como quando entrou. Então a sociedade não pode ser culpada pelos erros na política de segurança. Aliás a incompetência foi em todas as áreas. E não foi só pela corrupção. O projeto e os planos também estavam errados. Quem está na linha de frente talvez fique difícil lidar com isso, mas nem o governo (que só pensa na própria sobrevivência) e muito menos a sociedade (que está muito mais preocupada com a falta de segurança nas ruas), estão pouco ligando para os ”guerreiros”. As pessoas que são assassinadas nas ruas sem segurança alguma também são guerreiras só que desarmadas. E ninguém está disposto a ter que pagar segurança privada quando esse é um dever do estado. Ninguém vai se juntar nessa ”guerra”. As pessoas querem paz e a segurança pública é para isso. Por favor não morram e muito menos mate acreditando ser um herói. Não será. Mas o estado vai se safar e depois ainda pedirá votos à bandidagem.
A única coisa que a sociedade sabe e vai fazer é orar. Auto de resistência só é válido em legítima defesa. Uma pena que haja ainda quem acredite na política de segurança do estado e que esse discurso guerreiro ainda não tenha mudado. Chegou-se a afirmar numa época que era uma política de pacificação. Hoje o véu caiu e retorna-se a mesma retórica. Por favor não morra e muito menos mate acreditando ser um herói. Não ajuda essa linguagem de guerreiros e coisa do gênero. Tentou-se usar a palavra pacificação, mas foi de maneira hipócrita como agora se vê. As pessoas precisam se decidir se querem a paz ou a guerra. Enquanto se quiser a guerra teremos mais mortes, e mais policiais serão mortos. Alguns até acreditando que é pelo bem da sociedade, mas se isso fosse verdade estariam protegendo os cidadãos nas ruas. O que mais aumenta é o assalto à transeuntes. As ruas estão desguarnecidas e o objetivo é aumentar com isso os gastos em segurança privada. Ao mesmo tempo pouco se sabe da ação da polícia nas comunidades. Os resultados não são nada bons. O tráfico aumenta seus lucros com a pacificação e o ”monitoramento” das facções. Muitos querendo fazer um trabalho honesto de segurança serem enganados pelas políticas de segurança do estado. E muitos morrem achando que essa política é correta. É a chamada escalada violenta. Vivemos num país que se diz pacífico porque naturalizou a violência. E infelizmente muitos já estão achando que a cura seria ampliá-la. É para lá que vamos. Ninguém quer ceder e muitos querem até avançar sobre os direitos dos outros. Então, se quem está em cima não tem cortesia, imagine os que estão embaixo e que se especializaram em só perder. Os que se especializaram em ganhar se assustam quando a violência vêm debaixo. Mas em geral não se incomodam quando ela vai de cima para baixo. Quando lançaram bombas no Afeganistão ninguém se importou realmente, mas quando derrubaram o WTC foi uma catástrofe midiática. Sendo que em número de mortos as tragédias foram até equivalentes, mas com a invasão ainda se ampliou para o lado afegão. Então está sendo dada uma mensagem. Uma que já conhecemos bem aqui. O armamento e a violência vai ser maior de ambos os lados. Alguém tem que parar isso e esse alguém é o Estado. Só que ele não quer, pois lucra em manter a população com medo. Seus parceiros lucram em comércio de arma etc. A guerra não seria guerra se não desse muito lucro. A ofensiva da direita e da extrema-direita. Isso está alimentando a falta de noção crítica atual. O helicóptero caiu não foi por tiros como a própria perícia mostrou. Então ir para Copacabana para quê? Bastava ter ido no dia do enterro. O Brasil está em guerra não morre só quem participa dela, mas também inocentes.
Serviço público: reservas para a acumulação primitiva.
Um governo fraco desse nos manteve acuados. Como o PMDB nacional está na iminência de sair do governo federal, houve um recuo tático. O objetivo é retomar o fôlego com a posse dos novos prefeitos direitistas. Aí sim seremos testados. Enquanto isso, cadê o décimo-terceiro? Ninguém reclama, pois afinal fomos vitoriosos. Será que não percebem que a principal ofensiva agora é contra uma conquista da época do governo João Goulart, que nem a ditadura ousou tirar? Justamente, o décimo-terceiro! Uma coisa é certa, não foi uma escolha burra. O SEPE ficará confuso. Se já estava moderado agora vai estar ainda mais. É, mas vamos lembrar Antonio Neto e no que se transformou diante das ocupações. CB foi o quem dirigiu o PT quando este tomou a UNE por um breve período. Foi breve e não precisa dizer mais nada. Outro dia até a Miriam Leitão disse que também foi do PCB. E assim por diante: Boechat, Gullar, etc. Chegamos à conclusão que o capitalismo não teria tantos propagandistas (e também administradores, Jungman, Freire etc) não fosse o PCB e depois o PT. Na hora de declarar o voto contra o impeachment, o deputado do PSOL e do PCDOB do Rio tiveram a chance de denunciar o Bolsonaro para todo o Brasil, pois declararam o voto logo depois do fascista fazer apologia da tortura. Mas preferiram fazer cena para suas campanhas eleitorais. Jean nem a usou, pois o PSOL não quis aparecer que esteve contra o impeachment já que segundo as pesquisas não caia bem. De fato esse é o sistema, não havia tanta divulgação antes. Se colocar de um lado ou outro da quadrilha não vai resolver. O que é preciso é esclarecer o modo como devem ser eliminadas todas as quadrilhas. E isso não se conseguirá sem mudar o sistema. Mesmo onde esse sistema foi mais desenvolvido, lá também a corrupção é ainda maior e até legalizada (o lobby e a não apresentação obrigatória dos rendimentos dos candidatos nos EUA).
” O comunismo é em todos os sentidos a destruição do capital. ” A.N.
O golpe da colaboração de classes
Para a maioria dos ativistas ainda passa a imagem de que houve um golpe. É muito difícil perceber que o PT vai sobreviver desse golpe. Que justamente veio bem a calhar para poder ter um papel de esquerda. O PCB também pouco fez para barrar o golpe e tinha vários militares inclusive de alta patente no PCB que queriam reagir. Mas o PCB pregava a passividade. No máximo uma reação cultural. Depois acabou superado pelo novo sindicalismo. Mesmo assim continuou influenciando até no PMDB.
Ocupações secundaristas atacadas por policiais fardados e não fardados, como no Julinho em Porto Alegre. Repressão à manifestantes ocorreram semana passada em Belo Horizonte pelo governo petista e no Rio pelo PMDB. E ainda temos de aturar o ex-presidente do antigo PCB, agora ministro da cultura, o renegado Roberto Freire, dizer que é bom entregar a cultura ao mercado, sorrindo para a fundação Robert Marinho e Itaú Cultural com os milhões que lhes dará para reconstruir o que eles mesmos destruíram (um projeto que não previu instalações anti-incêndio).
Sobre a questão de como o PT deve sua sobrevivência política ao golpe, uma citação de Tamarit:
”…o reconhecimento da presença de um fenômeno em outro não anula suas respectivas especificidades e contribui para nos mantermos alertas na observação e análise de ambos os fenômenos, facilitando a identificação de suas recíprocas presenças no interior um do outro.”
Educar o soberano, p.67.
Na verdade o movimento começa a perceber agora que caiu numa arapuca.
O ponto que chegaram os renegados é simplesmente aviltante.
Fizeram com que o movimento dos servidores públicos fosse massa de manobras. Talvez sim não fosse possível e pode ser até que essa experiência seja importante no futuro. Um coisa é certa, as novas gerações terão que tentar algo novo. Não repetir todos os erros. E é importante que façamos a avaliação bem clara, para que passemos aos jovens algo com que possam começar. Nem tudo óbvio foi errado, mas havia coisas óbvias que não podíamos ter errado. Uma delas o ex-vice, que sempre foi uma cobra. Pode-se dizer que tudo começou nas alianças que de pontuais (o que em muitos casos foi correto) evoluíram para as permanentes, essas sim bem complicadas.
Para o proveito dos militares liderados pela direita e extrema-direita.
SEPE-RJ: a colaboração de classes do sindicalismo psolista
Mas a verdade é que a categoria liderada pelo SEPE, não se entusiasmou com essa política. Ela só foi possível devido ao esvaziamento intencional promovido pela diretoria. Ainda que alguns ativistas e até moradores de rua tenham aproveitado a confusão para xingar e revidar. O que não mudou em nada o isolamento e sensação de impotência, pois enquanto eram feridos e detidos, as ”lideranças” estavam empenhadas no status quo. Por isso concordaram com o calendário de votações (por meio de seus representantes parlamentares) e suspenderam o movimento no momento que quiseram. Além disso suas coordenações sindicais nacionais, mesmo vendo como toda a trama era articulada no governo federal e no congresso, foram incapazes de resistir nacionalmente. E isso quando até mesmo os militares e seus idiotas úteis, fizeram movimentos nacionais para nos acuar ainda mais.
Somente a coordenação-geral do SEPE ficou trombeteando uma tal frente única, que de fato existiu, mas para fortelecer a extrema-direita.
Em momento algum essa tal frente única, que na verdade é a versão militarizada da frente-populista, nunca se moveu para defender nenhum direito da base do SEPE, que está sendo atacada com fechamento de turnos, turmas e colégios.
A derrota dessa política indica que era em si uma política derrotada. Então não há plano B, temos na verdade de voltar ao plano A da mobilização independente.
Fora o morismo e o lava-jatismo que nos levaram ao atoleiro da direita!
Fora a frente-única com a extrema-direita, os militares e policiais!
Reagrupar o movimento
No momento precisamos reagrupar todos os ativistas. Fiz a proposta de já começar o ano letivo com a preparação e organizando eleição para delegados ao congresso do SEPE. Na última assembleia foi feita a proposta de uma assembleia unificada, que vai no mesmo sentido. Os ataques serão combinados (governos estaduais, federal e municipais) e isso justifica uma ação conjunta. Só que o sindicato está perdido quanto à estratégia e isso só pode ser superado com o debate no congresso. A Apeoesp já fez o seu congresso, e vai apresentar um plano de lutas nacional no congresso da CNTE (lembrando que o CNTE é oposição ao governo agora). E como se prepara o SEPE? Só reclamando dos ativistas que ainda vão às assembleias? Pois é irônico que a Apeoesp tão criticada esteja mais avançada que o SEPE. Será essa diretoria do SEPE responsável pelas piores derrotas da categoria desde a fundação? Temos que retomar o sindicato para a categoria! Pelo congresso do SEPE!
Quando éramos 300 em greve em 2014 acusavam-nos de ultraesquerdismo. Enquanto iam torcer a polícia atacava. Hoje esses mesmos se julgam vanguarda por levarem 30 em manifestações cheias de policiais por dentro e por fora. E mais pedindo aumento para policiais. 300 e 30: que diferença!
A categoria dos representados pelo SEPE não decidiu nada disso não de se juntar à direita. Ao contrário até. Nas assembleias a crítica foi sempre maior. É bom lembrar que depois da greve a diretoria se enfrentou com a assembleia e quando perdeu recorreu ao estatuto. Esvaziando as assembleias, esvaziaram o próprio sindicato. Durante as olimpíadas teve só o ato no consulado mexicano no qual dos diretores só do sul fluminense estavam presentes. O outro ato no museu do amanhã contra a Pec nenhum foi. Ambos foram pequenos. Depois foram as eleições. Esvaziamento total. Então para não fazer feio inventaram a tal da frente única com a direita (originalmente a FU é da esquerda contra a direita). Nesses atos do MUSPE, tinham no máximo 30 pessoas da categoria sendo uns 15 diretores do SEPE, mesmo com paralisação. Ainda que com o heroísmo pessoal de muitos ativistas e até moradores de rua (alguns foram feridos e detidos), os atos não entusiasmaram a categoria. Então não dá para dizer que a categoria aderiu aos atos com a direita. Quem aderiu foram os diretores freixistas. Isso tudo mesmo depois da chacina da cidade de deus. O movimento já nasceu morto com a liderança de Bolsonaro que conquistou para os militares os favores do Jungman na reforma da previdência e em troca votou na Pec 55. E os freixistas só olhando e pegando carona.
Ivan Illich e a morte da escola
Muitas ideias de Ilich são interessantes, mas muitas vezes são usadas com propósito Neoliberal. Acabam sendo argumentos para não investir na educação pública.
Justamente porque todas as mazelas da escola pública são bem conhecidas e até aumentada pela gestão burocratizada, algo que demonstra que o capitalismo neocolonizado mal se adapta às suas próprias legislações quando se trata de algum tipo de atendimento mínimo de necessidades populares (o mesmo acontece com a saúde à qual Ilich também dedicou um livro), é que temos de ficar mais alertas quanto ao discurso liquidacionista. Na verdade, essa já foi uma discussão (reprodutivismo x histórico-crítica) bastante comum lá pelos anos 80. A questão do estado é árdua já que os próprios marxistas brasileiros adotam uma concepção social-democrata. Isso ajuda a ampliar o liquidacionismo, pois ninguém em sã consciência quer a escola do jeito atual. Por isso o discurso Neoliberal ganha força: corte de gastos, etc.
Já é um debate antigo. Isso já foi bastante debatido. Ilich quando chegou aqui encontrou um grupo de pensadores da educação. Como se sabe a obra de PF é ainda hoje estudada em muitas universidades, mais até que a de Ilich. O reprodutivismo serviu a um certo tipo de militância, mas foi logo superado. Isso porque as lutas na educação pública foram bastante dinâmicas na década de 80. Por isso Ilich foi esquecido por aqui. Mas claro deve ser retomado criticamente. Como aliás todos os autores. É boa a sua iniciativa. Mas o contexto nunca pode ser esquecido. Quando isso acontece há apropriações indevidas, como acontece com a palavra liberdade e até revolução.
O Maurício Tragtenberg que foi uma voz um pouco isolada, mas importantíssima, afinal talvez ele tenha antecipado debates mais de hoje até, trouxe toda a questão do currículo e mais outras dos conselhistas. PF também é importante e foi muito desenvolvido pelo H. Giroux que ainda está ativo. Há muitos outros autores, mas o debate esteve muito ligado ao movimento principalmente da década de 80. PF trouxe debates anteriores à ditadura, Vieira Pinto etc. De fato estamos num momento em que todas estas contribuições precisam ser reavaliadas. Mas a ligação entre os movimentos, a militância política e a reflexão teórica precisam ser pensadas nos conflitos históricos. Me permita dizer que a Pedagogia do Oprimido ainda vale uma leitura.