As capitanias hereditárias ainda existem.
Enquanto perguntamos se as mãos das filhas do inferno estão prontas, as serpentes siflam na cabeça de Orestes.
Estranho que se usem do mesmo veneno para denunciá-las.
Os ódios gotejam sangue e não se descobrirá nada novo aqui onde se reproduz o discurso das máquinas de guerra. Quer postado de um lado ou de outro, todo o tempo é uma postura de garfo e faca na mão. Inventando e criando inimigos ali onde há apenas a ciranda do medo e do desejo.
Não há nenhum elogio ou crítica que não seja premeditada pelos voluntários desses exércitos perfilados com lealdades virtuais que não recolherem nem mesmo seus feridos. O veneno próprio envenena a própria serpente.
Os exércitos perfilados e a amargura da derrota fundam discussões sem fim onde o oponente retoma os argumentos do inimigo. Repete-se infinitamente os mesmos métodos como se a verdade pudesse ser inventada. E o que sobra dos escombros são os mesmos cadáveres que se pretendia salvar. Nessas lealdades virtuais nem se recolhem os feridos.
No final está se vendo que tipo de uso pode ser feito da internet. Como toda a tecnologia controlada pelo capital, a promessa de otimizar o atendimentos também pode ser manipulada. Qualquer serviço público solicitado vem agora com a frase mágica: Já agendou na internet? Só que a internet está sempre com problemas e o que era para ser uma melhora acaba sendo mais uma fonte de stress e culpa para o contribuinte.
Enquanto nos pontos de ônibus lotados as pessoas ficam com medo de assaltos, o prefeito de São Paulo parte para o cinismo e afirma que deveriam pedir passagem gratuita para a Disney. Mas esqueceu de dizer que seu partido deu gratuidade de impostos para as empresas automobilísticas na cidade. Agora divide tarefa para proteger a máfia do transporte público privatizado com o governador neoliberal e reprimir manifestações. Quem se aliou com os lacaios do regime militar também se alia com as corporações. Ou seja, seria mais barato manter o serviço de transporte público e gratuito do que estimular o engarrafamento.
E o que é pior é que o governo do PT é contra o direito de manifestação e prova isso aliando-se ao governador fascista do PSDB/PCC.
Agora é a hora de fogo. O habitual jogo da propaganda burguesa vai cair pesado. Os servidores estão sendo acusados de vagabundos e marajás. O mesmo jogo feito na época do Collor e nas privatizações de Itamar/FHC. Será que os sindicatos vão se manter na linha do fato consumado, protestando só verbalmente? Há sindicatos que protestam, mas estão em conversação com o governo.
O modo alegre como foi aberta a matéria do bom dia na Globo, sobre a paralisação das empresas de limpeza da UERJ, mostrando o lixo amontoado no pátio, é a prova que devemos iniciar um movimento e uma discussão sobre o lockout. O movimento sindical dos trabalhadores não pode adotar a mesma postura diante do lockout e das greves dos trabalhadores. Isso confunde. Além disso estão tentando jogar sobre os trabalhadores a responsabilidade da falta de pagamentos das empresas aos trabalhadores. Os trabalhadores nada têm haver com o fato do governo não cumprir contratos com empresas e vice-versa, pois a relação contratual é entre empresa e trabalhador. Nesse caso a única solução é o governo penalizar a empresa e incorporar o trabalhador com direito adquirido.
Guerra total
Muitas pessoas acham estranho que se poste coisas relativas à guerra e à repressão policial. Mas não sabemos quanto tempo ainda resta para o funcionamento relativamente aberto das redes sociais. Enquanto isso o poder de fogo da máquinas de guerra tanto em nível local como internacional está aumentando consideravelmente.
Não é só uma guerra convencional, é uma guerra total que implica tanto a destruição do meio-ambiente, quanto a destruição da economia do trabalho.
Além disso é uma guerra de propaganda articulada para benefício da concentração de capital. Se não usarmos as ferramentas que ainda nos restam para denunciar toda essa trama agora, talvez seja tarde demais num futuro próximo.
Estaremos em condições bastante piores, nossos meios de comunicação e de organização poderão em breve não ser mais permitidos. Já estamos vendo como os governos geridos pelo grande capital estão se imunizando contra críticas e protestos.
O controle internacional da mídia está fazendo uma propaganda intensa que inclui a tolerância aos genocídios, à repressão policial às manifestações pacíficas.
Ou seja, os valores humanos em geral estão sendo modificados pela banalização da violência. Que dirá dos direitos sempre atacados dos trabalhadores e das minorias oprimidas. Portanto, devemos estar alertas contra a articulação do complexo bélico-militar e a invasão de países para puro roubo de riquezas. Em países que têm resistido ao controle por meios corporativos segue-se a tomada pura e simples do território. Ou grandes sanções econômicas e pressões para efeito da redução do preço das matérias primas são feitos e seus reflexos são devastadores em nível mundial. Assistimos constantemente, sem muitas vezes entender, devido à propaganda ideológica da mídia, às guerras que se travam e as reações que parecem também ser instigadas para justificar futuros ataques.
Os direitos humanos foram conquistados após muitas afrontas que conduziram à regimes autoritários e esses às guerras. Abrir mão do direito à livre opinião equivale a deixar o destino da sociedade ser controlado pelas armas. E o que defendem essas armas? O poder das corporações.
Bandidagem fardada
Pela punição dos agressores e exoneração dos comandantes.
De fato estamos numa ditadura. O discurso de ódio se volta sempre contra os mais abandonados e discriminados pelo Estado. Policiais de São Paulo atacam manifestantes. Pelo visto vamos ter que ir de armadura, capacetes e protetores oculares nos atos. Sem contar que cada bomba custa mil reais. Cada blindado da PM custa no mínimo o equivalente ao preço de quase 20 ônibus coletivos com ar condicionado. E tudo gasto para promover a guerra civil contra os trabalhadores desarmados. Como disse o prefeito Malandro do Rio: é preciso aproveitar as olimpíadas para embutir custos que não estavam previstos. Pelo visto e pelos custos essa máfia não quer sair tão cedo do poleiro.
Que os policiais façam a devolução desse dinheiro mal gasto.
Pela indenização das vítimas. Inquérito já!
Pela punição dos policiais que atacam civis desarmados e exoneração dos comandantes.
Pela proibição do uso de bombas, cassetetes e armas nos atos. Pelo fim da PM.
A questão da ação orquestrada dos prefeitos aumentado as tarifas e a ação coordenada das polícias militares merece um resposta.
As polícias militares provaram que são órgãos de guerra civil permanente.
Enquanto o sistema político provou que é serviçal dos financiadores de campanha.
Os dois modos do poder capitalista, eleitoral e repressivo, se revelaram exemplarmente. Com o costumeiro engodo da mídia.
O governo federal em silêncio sepulcral.
As Máfias estão no poder. Propaganda fascista.
Não, não era teoria da Conspiração. Obama com aquela cara de Prêmio Nobel da Paz se mostrou bem afinado com o complexo bélico-militar. O controle dos preços do petróleo que faz com o uso de armas, estão mudando o contexto econômico. Algumas nações estão simplesmente afundando, como o Brasil, a Rússia, a Venezuela. Ao mesmo tempo a crise dos refugiados provocada pela intervenção militar norte-americana no norte da Africa e no Oriente Médio, aprofundou a crise europeia. O fiel da balança ainda se beneficia da redução dos preços do petróleo. Mas os EUA prepara o terreno com frota no Pacífico e postura bélica japonesa. Ao mesmo tempo a continuidade das sanções sobre o Irã, demonstram que os EUA ainda não reciclou seu ideário geopolítico caudatário de Harold Mackinder.
O limite da acumulação é interno à estrutura do processo de acumulação. O centro da crise está na esfera da produção. O limite do capital é o próprio capital. As teorias do subconsumo não se aplicam. E ainda ninguém entende por que a gasolina no Brasil aumenta.
O Manifesto comunista dá uma noção do que todos os teóricos em geral vão criticar. A interpretação materialista da história ainda é objeto de intensas polêmicas mesmo quando veladas tanto pelos oponentes como muitos dos seus supostos adeptos.
Quando a burocracia Soviética estava já sofrendo da sua doença senil, submetia todos os partidos leais no mundo a tomar como prioridade a sobrevivência do seu regime. Tornou assim a luta de classes em cada país uma contradição secundária, não rejeitando nem mesmo alianças esdrúxulas sob a alegação de que a contradição principal era a luta entre a ex-URSS e o imperialismo. Desse modo não só enfraqueceu a URSS como também toda a esquerda mundial. Agora seus filhos pródigos retornam para a mesmice burocrática: Dizem que o que importa é salvar o governo e que a luta de classes o enfraquece.
- E ainda há quem bigodudo que confiou na lealdade nazi. Custou 20 milhões de vidas. Acha pouco? O bigodudo confiando que a Alemanha não ia atacar por causa de acordo de paz secreto. Ainda bem que o general inverno atrapalhou. Assim o Gorby só terminou o serviço do bigodudo bem mais tarde.
- Muitos tentam fazer Angela Davis parecer como um ícone stalinista. Porém, ela tem posições sobre temas como racismo, comunismo e feminismo, que podem surpreender alguns e já há mais de duas décadas não milita no CPUSA. Mas continua ativa na crítica ao aparato legal-carcerário racista e na defesa das vítimas do sistema policial.
- E por incrível que possa parecer os manuscritos do Che foram reconhecidos como patrimônio da humanidade pela UNESCO. Não por causa do seu conteúdo revolucionário, mas por ter estimulado o trabalho voluntário. Será que eles querem usar o Che contra os trabalhadores?
Dois caminhos
Muitos ao observar o cerco a que estamos sendo submetidos pulam direto para as conclusões: é preciso mudar as leis, os governantes, o Estado, ou até extinguir o Estado. E essas conclusões conduzem à diferentes práticas. Mas tudo isso que é interessante de se pensar, pode também ser uma maneira de desviar-nos da luta real. Uma luta de formiga indo de escola em escola, reunindo grupos, preparando os novos enfrentamentos. Sabemos que é um ano onde grande parte do ativismo estará empenhada nas eleições municipais, outros vão se dedicar ao #nãovaitertocha mas a verdade que o combate sistemático e intransigente do capital e seus governos fantoches vai continuar. E também sabemos que a eleição não será solução, mas pode ser até um problema que vai iludir ainda mais os patriotas educadores. A democracia representativa faz parte do capitalismo.
Pelo visto não é só o prefeito do Rio que apoia o candidato misógino. A cúria está aí. Agora está dando para entender um pouco toda a visibilidade que estão dando ao ‘liberalismo’ do Papa. A igreja é também um fator político.
Isso de acusar o PSOL de recrutar punks para as manifestações é uma forma que eles têm de manter o PSOL sob controle e manter esse partido disciplinado ao sistema eleitoral. Fizeram o mesmo quando das acusações sobre ajuda aos BB em 2013 e foi bastante eficiente.
Portanto, vamos reunir e debater o que-fazer. Se esperarmos pela direção o ‘movimento’ vai ser o de sempre. Creio que teríamos que ter uma reunião para avaliar as condições e ver o que pode ser feito. Greve só no grito de assembleia depois do modo como foi terminada a última está inviável, por ter sido desmoralizada pela própria direção. Um trabalho escola por escola é necessário. Algo mais no sentido do que foi feito pelos alunos em SP, só que aqui feito pelos professores inicialmente, e chamando os alunos e a comunidade talvez. Uma greve geral da categoria parece difícil. O mais provável é a luta por escolas, por questões várias como ar condicionado, merenda, limpeza, etc. Com o desenvolvimento disso poderia acontecer a formação de um #ComandoDasEscolasEmLuta como em SP. Essa é uma ideia, mas precisaria ser melhor debatida, por isso teríamos que ter uma reunião com os interessados em uma alternativa de luta.
Claro que existem companheiros que são mais sensíveis que outros e que não lidam bem com as decepções, mas a verdade é que temos que conversar sério sobre o que fazer. Já fiz algumas sugestões. Reduzir o ativismo a ir a uma assembleia, levantar a mão, paralisar alguns dias, já não basta. Essa greve vai ter que ser construída escola por escola. E não vai adiantar ficar culpando colegas ou o sindicato, muito menos os alunos. Isso será uma dificuldade a mais para os professores que se colocam como deuses. Hora de revisar posturas. Os dirigentes do SEPE mais ativos hoje recém saíram da faculdade. Esperamos que eles não se burocratizem como os outros carreiristas. Mas a velha guarda precisa entender que o movimento depende da renovação. Foi isso que a Apeoesp não entendeu e deixou passar uma oportunidade de vitória.
Antes de uma assembleia temos que ter as coisas bem pensadas e algumas propostas definidas. Em geral as propostas são feitas ou para emparedar a diretoria ou para desviar o foco. Assim nunca há um ganho organizativo. Precisamos pensar juntos uma forma de continuarmos ativos mesmo quando se perde na votação de propostas. Por exemplo, se colocar em votação a greve, se ganha ficamos na responsabilidade de correr o estado. Se perde o pessoal se dilui. Ou fazer como no ano passado onde fizemos a greve depender da unificação e com isso não tivemos greve, muito menos unificação. Com isso as assembleias gerais se esvaziam, pois não têm propostas de núcleos e regionais. Há também uma outra jogada que é não votar nada nas assembleias regionais e de núcleos, e levar todas as propostas por causa da pouca participação. Creio que isso estimula o esvaziamento dessas assembleias. Precisamos reunir um pessoal que exija que essas assembleias sejam de verdade. Que se informe quantas pessoas estiveram presentes e o que foi votado.
Greve ativa, organizada pela base, com comando de mobilização e comissão de negociação votada em assembléia geral, núcleos e regionais: sim.